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domingo, 13 de maio de 2012

Braid


E eis que o aguardado dia do famigerado jogo que eu estou prometendo a uma semana.

Nesse ultimo feriado, antes de viajar, um amigo meu me sugeriu esse jogo, ele fez questão que eu o levasse para me divertir no feriado, e me fez prometer de pés juntos que eu não procuraria saber nada dele na internet, e nem que faria qualquer resenha do jogo antes de finaliza-lo.

A promessa foi cumprida.

Peguei o jogo na 5º, comecei na 6º terminei na 2º feira.

E agora querem saber oque achei?


O JOGO:

Desenvolvido por Jonathan Blow, lançado em 2008, esse é mais um dos jogos classificados como Indie, novo gênero de surgiu para englobar todos os jogos feitos por empresas pequenas, que produzem poucos jogos ou apenas um, jogos que normalmente são mais conceituais que os populares feitos pelas empresas mais aclamadas.




Braid não foge a regra no que diz respeito ao Indie, é simples de gráfico, de jogabilidade, mas extremamente complexo no que diz respeito a conceito, história e trilha sonora.



O Gráfico:

Lindo.

Gráfico é uma discussão muito complexa no mundo dos games, há quem considera gráfico a textura, há quem considere gráfico as dimensões, como as proporções, e há quem considere gráfico apenas a beleza.

Esse jogo possui texturas incríveis, dimensões perfeitas, e é incrivelmente lindo. E ao mesmo tempo, simples.

Não é um jogo em 3D, ele é muito mais old school, um eficiente 2D.

Aqui, todos os cenários são pintados a aquarela, e a movimento o tempo todo, não existe absolutamente uma tela do jogo, que não se perceba uma certa vida.



A Jogabilidade:

A mais simples e primitiva que se pode imaginar, nesse jogo, você utiliza as setas do computador para andar para as direções, direita, esquerda, cima, baixo, e a barra de espaço, para pular.

E acabou, é isso mesmo oque vocês leram, absolutamente só isso... E o grande trunfo, um botão capaz de fazer você voltar no tempo.

Normalmente nos jogos tradicionais, sempre que se faz algo de errado, você é punido por isso, não passando pelo desafio, e tendo de começa-lo novamente. Quando um personagem morre, você começa tudo novamente, aqui é diferente, caso o seu personagem morra, você não começa do início, você pode voltar no tempo, e o tanto quanto quiser, até mesmo voltar para o instante em que deveria ter pulado e não pulou, e com isso, ter a possibilidade de pular dessa vez.

Estão entendendo mais ou menos como ele funciona?



A Trilha sonora:

Linda.

Trata-se de uma música clássica muito bem executada por violinos e violoncelos, em cada mundo, uma música específica para lhe transmitir uma sensação. Seja de felicidade, seja de euforia, seja de medo, ou até mesmo confusão.

E lembram é possível voltar no tempo? Pois é, sempre que se volta no tempo, não só os eventos voltam, mas a música também.



A HISTÓRIA:

Normalmente, eu conto a história do jogo, para depois comentar sobre as partes mecânicas do mesmo, mas dessa vez, eu preferi fazer em uma ordem diferente, mesmo porque a história desse jogo é muito especial, estamos lidando com um jogo muito mais filosófico do que a média.

Você é Tim, um cara arrependido de muitas coisas que fez na vida, uma delas em especial e a perda da mulher que ama, a princesa.

Tim sabe que a perdeu porque cometeu um erro, e ele volta ao passado para corrigir esse erro, mas apesar de poder voltar ao passado para construir a possibilidade de nunca ter falhado, ainda assim, Tim errou uma vez, sabe das consequências e justamente por isso, não deixou de aprender sua lição.

E a gora é a chance de Tim concertar seu erro, começar tudo novamente, e não falhar como falhou da primeira vez.

Compreendendo que se trata de uma história de viagem de volta no tempo, faz muito mais sentido a mecânica principal do jogo estar relacionada com voltar no tempo para realizar as jogadas novamente.

Lembrando, que tudo no jogo se relaciona como tempo certo, tudo tem seu momento.



E AI CAROL? OQUE QUE ACHOU?

Caramba, essa será a parte mais difícil dessa resenha.

Por isso, vou dividi-la em duas partes, a primeira é livre para todos lerem, já a segunda, sugiro que aqueles que ainda não finalizaram o jogo, não leiam, para não perderem a grande graça da experiência.



1º PARTE: (Para todos lerem)

Eis uma das melhores aquisições de jogos que já fiz na vida.

Esse não é apenas um jogo, como meu amigo que o sugeriu disse, ele é uma obra de arte. Da trilha sonora, aos gráficos, à própria jogabilidade, é tudo perfeitamente sincronizado com a história e toda a filosofia de viagem no tempo proposta.

Se você é daqueles que está acostumado com os jogos mais modernos e se esqueceu como os de antigamente funcionavam, prepare-se para passar raiva. Braid não é um jogo para pessoas preguiçosas, e principalmente, para aquelas que estão acostumadas a apenas apertarem botões.

Trata-se do tipo de jogo em que se precisa pensar, e muito para conseguir realizar os objetivos. Algumas vezes, é necessário até mesmo um pouco de criatividade misturada com paciência.

Parabéns para os desenvolvedores do jogo, ele é realmente muito criativo.



2º PARTE: (Apenas para quem já finalizou)

Essa segunda parte eu prefiro deixar focada na história, que é a grande jogada, a parte mais fenomenal de todas.

Oque eu achei de tudo? Oque eu concluí? Muita coisa.

O Princípio:

Tim perdeu a princesa que ele tanto amava, não suportou perde-la, e por isso, decidiu voltar no tempo para corrigir todos os erros que cometeu.

Ao voltar, ele se depara com ele novo, logo quando a conheceu, no primeiro momento, aquele em que ele ainda nem a tinha, ele precisava conquista-la do início.

E dessa vez, plenamente consciente dos erros que cometeu, evitando comete-los novamente.

O Meio do caminho:

Tim já conquistou sua mulher amada, ele precisa continuar com ela, para pedi-la em noivado, e finalmente se casar para viver pra sempre feliz.

Tim lembra das coisas erradas que fez durante aquela época, e ele não pode falhar novamente.

O Final de tudo:

Eis o momento em que o Tim que voltou ao passado, se aproxima do momento em que Tim decidiu voltar atrás para corrigir, ele sabe oque fez de errado, e ele vai evitar isso a qualquer custo.

O Paradoxo:

Existe um paradoxo clássico da viagem no tempo.

Caso se volte no tempo para corrigir um erro que se cometeu, ao concertar esse erro, seu eu futuro não teria motivos para voltar no tempo, logo não teria voltado, logo esse erro não teria sido corrigido.

Deu pra entender?

Basicamente, não se pode mudar oque aconteceu. Não se pode evitar o inevitável.

Tudo deve ser feito ao seu tempo. O momento das decisões é o agora, porque após o agora, nada mais pode ser desfeito.

No momento que Tim volta no tempo para corrigir oque fez de errado com a princesa, ele entra no looping do paradoxo da viagem no tempo.

E justamente ao voltar no tempo para corrigir os erros, que ele se da conta de que tudo oque fez de errado foi querer corrigir os erros que já estavam no passado.

Durante todo o jogo, a história é contada por momentos, momentos do passado, do presente e do futuro.

Momentos em que Tim, está feliz com a princesa, em que a princesa está indo embora, e em que ele está indo atrás da princesa.

Quem é Tim?

Apesar do jogo ser todo fantasioso, e falar de castelos e princesas, na verdade, essas expressões são metáforas.

A expressão Castelo em ruinas, castelo caindo, castelo aqui é a vida de Tim, não simplesmente sua vida como humano, e sim como pessoa, o castelo simboliza a sua história.

Princesa, nas histórias de conto de fadas é aquela mulher inalcançável, e para Tim ela de fato o é, ele jamais poderá tê-la para sempre.

Além disso, o nome do jogo não é Braid a toa, Braid em inglês significa Trança, em um contexto mais simbólico, significa trama, esse entrelaçar de acontecimentos e eventos.

No jogo também se dá a entender, que Tim é um cientista, mais do que isso, Tim mora em Manhatam, Nova Iorque, pela maneira como ele se veste, parece viver em meados do século XX por volta da década de 50. Época em que muito dinheiro foi investido em pesquisa para cientistas, principalmente na área da física. E não seria a viagem no tempo o sonho de consumo dos físicos?

Juntando as peças do quebra cabeça, visto que em cada mundo do jogo, você precisa de 12 peças para completar um quadro, que representa uma cena na história da vida de Tim, você então descobre oque foi que Tim fez de errado.

Obcecado pelas próprias pesquisas, Tim deixou a mulher que tanto amava de lado para realizar o seu sonho de construir a máquina de viagem no tempo.

Ao construí-la, Tim se deu conta de que apesar de ter realizado seu sonho, ele não tinha mais a mulher que amava ao seu lado, arrependido, ele decide voltar no tempo para curar todas as cicatrizes do seu relacionamento.

Paranoico por não desejar cometer nenhum erro, justamente ai Tim errou, e ao chegar o momento, a hora, acabou por perder sua mulher da mesma maneira, e tentou leva-la embora consigo a força, e foi esse o erro que ele cometeu, ao querer impor sua vontade sobre a vontade das outras pessoas.

Somando isso ao paradoxo da viagem no tempo, Tim aprendeu sua lição, Tim teve a princesa novamente, mas, não para sempre. Ou não? Se Tim sempre voltar no tempo para corrigir os erros que fez, mesmo com o paradoxo, então ele ficará para sempre indo e voltando no tempo, e assim então, sempre com a sua princesa em todos os momentos da vida.

Isso também pode se observar no jogo, visto que você começa pelo mundo 2, e não pelo mundo 1. E só depois de completar todos os mundos, que finalmente se ter acesso ao mundo 1.

E logo após finalizar o jogo, não se vai para uma tela de créditos, em vez disso, se volta para o início onde o jogo começou.

No que diz respeito a uma viagem no tempo, se o jogo começa com você no final, voltando ao princípio, nada mais justo que no fim, voltar para o começo.

Complexo, eu sei.

[...]

E eu achei um trailer do jogo galera!


E só outro apelo pessoal, se vocês forem jogar esse game, em hipótese alguma vejam a resolução dos puzzles na internet, isso estraga toda a graça e divertimento do jogo.

Para quem quiser explorar mais desse universo, segue aqui o link do site: http://braid-game.com/

[...]

E ai galera, gostaram do post de hoje? Jogaram o jogo? Viram como ele funciona? Oque acharam dele?

Se você é daqueles que já teve a oportunidade de finaliza-lo, deixe aqui nos comentários a sua opinião pra mim, também quero saber oque você achou dessa história.

E por hoje é só gente, até mais.

Um comentário:

  1. Excelente interpretação da história do jogo. Finalizei e recomendo para todos que gostam de puzzles!

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