domingo, 5 de janeiro de 2014

Duna - O Livro

O ano era 2009, eu estava no meu primeiro período na faculdade, era nova na cidade, não conhecia absolutamente nada por aqui.

Um dia, voltando pra casa, segui caminho por uma rua diferente, e lá eu encontrei um sebo. Era um lugar muito incomum para se ter um sebo, olhei de boa quando avistei em uma das prateleiras o nome Duna. Me lembrava que era um livro clássico, e muito cultuado, pouco sabia sobre ele, mas me aproximei pra ver.

Abri a capa e lá estava escrito R$8,00. Coloquei a mão no bolço e vi que tinha dez reais, que sorte. Comprei o livro e voltei pra casa. Mal sabia eu que estava pra ler um dos melhores livros que já havia lido até então.

Naquele tempo o Terra das Fábulas nem existia, eu nem havia começado esse blog.

Confesso que demorei quatro anos pra terminar de ler, simplesmente porque esse livro não era uma prioridade, eu sempre tinha outra coisa pra ler antes, pra ler na frente. (Série Game of Thrones, é você?)


Mas agora sem mais desculpas, já fazem quase três meses que eu concluí a leitura dessa obra fantástica, e só agora tiver tempo de escrever uma resenha a altura desse livro.




O LIVRO:

Escrito por Frank Herbert e publicado pela primeira vez em 1965, sim é um livro até antigo, o livro Duna é considerado por muitos um dos melhores livros de ficção científica de todos os tempos. Engraçado porque eu o classifico como fantasia, assim como Starwars, mas vamos deixar esses conceitos para outro dia. O importante aqui é que Duna ganhou diversos prêmios de literatura e duas adaptações para o cinema.

Com pouco mais do que 500 páginas, o livro não é dividido de maneira ortodoxa, ou seja, em capítulos. Esse livro tem sua narrativa corrida, oque torna sua leitura acelerada, é difícil parar justamente porque não se sabe onde parar.

A narrativa do Frank Herbert é bem caracteristica, ele detalha muito os pensamentos dos personagens bem como suas sensações, o cara ou é muito genial, ou pesquisou muito na hora de escrever esse livro, porque os conceitos de ecologia dele são muito bons e fazem muito sentido com a realidade. (Palavras de uma bióloga, acreditem)

Cheio de filosofia, e com uma citação que sinceramente revolucionou a minha vida, o livro surpreende, mas apenas aqueles com o espírito preparado para lê-lo.




A HISTÓRIA:

Tudo começa com um menino chamado Paul Atreides. Paul é filho de um duque com uma concubina, Jéssica. Paul é só um garoto com seus quinze anos recém feitos.

Em uma calma manhã, ele é acordado com a visita de uma estranha mulher que diz ser mestre de sua mãe no treinamento Bene Gesserit, uma espécie de sociedade semi-secreta frequentada apenas por mulheres cujo treinamento confere a elas habilidades tão impressionantes que por muitos são consideradas sobrenaturais, e Paul contra os mandamentos e regras da sociedade foi treinado por sua mãe.

Mas para ser aprovado como um membro, ele teria de passar por um teste que até então somente mulheres haviam conseguido, o teste do Gon Jabbar.

A reverenda madre, a misteriosa senhora que o estava visitando, lhe mostra uma caixa onde ele deveria introduzir sua mão, e em seguida o ameaça com o Gon Jabbar, uma agulha contendo um veneno altamente mortal. Então a caixa produz uma dor descomunal na mão de Paul, que deve resistir a dor ou... morrer.

Surpreendendo a reverenda madre, sua mãe, e todas as espectativas, Paul passa no teste, sendo o primeiro homem a sobreviver a ele.

E é ai então que a história realmente começa...




[...]

De todas as partes da história, há que mais me impressionou foi a construção do cenário.

A história se passa 10mil anos do nosso tempo, uma época em que a sociedade humana atingiu um nível de tecnologia tão grande, que foi possível tornar real a inteligência artificial, o problema é que assim como as especulações indicavam, as máquinas se rebelaram contra a humanidade. Como consequência, um apocalipse da tecnologia aconteceu e em meio a esse cenário de robos e máquinas sendo destruídas novos profetas surgiram, colocando a humanidade em um novo passo da religião cristã, criando um novo testamento. Além disso, algumas coisas na política e relações humanas mudaram. A sociedade das Bene Gesserit foi fundada, a democracia ruiu, e o universo foi conquistado pelos humanos.

Porém, tamanha tecnologia da época não sobreviveria sem máquinas e robos com sua altíssima capacidade de cálculos, então como os humanos fariam para continuar avançando?

Simples, eles treinariam pessoas, humanos, para se tornarem capazes de calcular como robôs, os Mentats. E para ajudar a mente humana a atingir esse estado de consciência sobrenatural, esses Mentats seriam expostos a uma droga capaz de ampliar os sentidos e capacidade mental, o Melange.

O Melange é uma espécie de especiaria raríssima no universo, que pode ser utilizada em comidas e bebidas como tempero, com um aroma que lembra o de canela. Essa droga, ou especiaria como alguns preferem chamar, é caríssima, devido a sua importância econômica para a manutenção dos Mentats e a sua raridade no universo. Muitas vezes ela é consumida pelos mais ricos como uma forma de status. (Uma coisa similar ao açúcar durante as grandes explorações)

Além disso, com o fim da democracia, a sociedade humana voltou a se organizar como nobreza, porém... não da mesma maneira que antigamente, aqui agora oque mandam são as empresas. O imperador é aquele que detém o maior poder de empresas em seu nome, o protagonista Paul é filho de Leto, um duque da mineiração.

Na história, Duque Leto gasta todas as suas economias para comprar um planeta distânte e remoto chamado Duna, onde ele teria acesso a uma mineiradora de Melange. Sonhando com o dinheiro que poderia fazer com a especiaria, que era extremamente abundante nesse planeta desertico, ele não percebe que tudo se trata de um golpe político para lhe derrubar.

Ao mesmo tempo, as Bene Gesserit a sociedade semi-secreta, tinha um plano maior para o universo da humanidade. Secretamente elas traçaram um plano de genealogia genético onde as conbinações de genes certos com os cruzamentos das pessoas certas viria a prover o nascimento de um homem cuja linhagem genética faria dele um privilegiado altamente capaz de governar o universo inteiro. Esse homem foi profetizado por séculos desde o nascimento dessa ordem feminina.

Lady Jessica, a comcubina do duque Leto era uma delas... filha desse plano de cruzamento genético, e ordenada pela sociedade para ter uma filha mulher, ela desobedece as leis e tem um filho homem, por amor ao duque que sonhava em ter um filho, sem perceber ela altera completamente a lógica dos cruzamentos.



Enquanto isso, no planeta Duna, vive uma sociedade de humanos que lá habita a tantos séculos, que a seleção natural já tratou de peneirar aqueles mais aptos a sobrevivência naquele planeta tão hostil.

Com a especiaria abundante, e a água rara, para sobreviver eles vivem em trajes especiai, trajes destiladores, que aproveitam o suor e toda a umidade eliminada pelo corpo humano e a filtra em bolsos de água para que os próprios usuários tenham de reserva para beber.

A alta exposição a especiaria, altera seus sentidos e fisiologia, os Harkonnen, povo das areias de Arrakis (nome imperial do planeta Duna) possuem olhos inteiramente azuis e brilhantes.

E como se não bastasse um planeta tão árido, com uma população tão pobre e humilde, o lugar é habitado por gigantescos vermes da areia, que além de serem atraídos pelas ondas eletromagnéticas dos aparelhos tecnológicos, também são capazes de sentir as vibrações de passos na areia.




E AI CAROL? OQUE QUE ACHO?

O livro é semi fenomenal quase cósmico.

Mentira, ele é fenomenal e cósmico, não tem nenhum quase aqui.

A história é fantástica, a descrição do autor é absurda. A politicagem é extremamente bem construída, o cenário é descrito de maneira sutil e lógica. Apesar de tudo ter ficado muito claro nas minhas explicações acima, no livro isso fica extremamente subentendido, durante a leitura que nós vamos assimilando todo o universo.

Os conceitos de ecologia são impressionantes, e muito realistas. A sociedade das Bene Gesserit é impressionante e assustadora.

A criatividade do autor para nomes também é outra coisa que não é desse mundo, o cara cria artefatos, itens, costumes, cultura, da nomes completamente insanos pra isso, e narra de tal maneira que parece tudo tão real, como se fosse obvio e comum no nosso cotidiano. Ou seja, o cenário é muito realista.


Sem dúvida foi um dos melhores livros que eu já li, porém...

... sempre tem um porém. Não é para crianças e adolescentes. Estamos lidando com um livro adulto, maduro, que dificilmente cairia no gosto da galera mais jovem. Não esperem muita ação, nem descrições emocionantes, esse não é um livro moderno com uma narrativa acelerada e cinematográfica como a de Dan Brown, esse é um livro denso, pesado, corrido a sua maneira, e como avisei anteriormente ele não possui capítulos, é tudo de uma vez só e sem anestesia.

E ainda assim, uma verdadeira obra de arte.

Não li os livros seguintes da série ainda, pretendo lê-los um dia, mas reza a lenda que eles são fracos em comparação ao primeiro, dizem que o autor perdeu um pouco da sua absurda criatividade nas sequências. Não li, não vou confirmar.

Também como comentei antes, existem adaptações para o cinema, não vi nenhuma, pretendo assisti-las sem falta.

E só mais um detalhe que muita gente gosta de ressaltar. O livro é bem 'cult', não é muito famoso por essa geração nova pós Harry Potter, ele tem uma tiragem baixa, e nunca, mas absolutamente nunca, sai em promoção em sites como o Submarino, então pessoal, se vocês querem ler, terão de pagar caro, eu sinto muito.

Mas relaxa que vale cada centavo precioso de vocês.

Quem quiser saber mais, só entrar no site oficial da série de livros, ele é em inglês, mas tem tudo oque se precisa saber:

http://www.dunenovels.com/

[...]

E por hoje é só galera, espero que vocês tenham gostado da resenha, eu escrevi ela com a maior empolgação do mundo.

Além disso, queria dizer que existe a possibilidade do blog ganhar mais conteúdo nesse ano de 2014 justamente porque eu estou conseguindo negociar melhor com os colaboradores. O Wellington por exemplo posta pelo menos uma vez por semana sobre o Magic the Gathering, e logo logo ele começará a falar sobre outros cardgames que ele gosta tanto.

Até mais.




4 comentários:

  1. Olá Carol! fantástica sua explanação sobre a obra! tive acesso a ela na faculdade! é uma ótima sugestão de leitura para quem faz o curso de Direito, pois tem tudo a ver com Teoria Geral do Estado... e sua trama se assemelha muito a obra de Maquiavel (O Príncipe)... a trama envolve política, poder, exército... enfim! em um espaço tempo muito distante! incrível como num passado muito distante e num futuro mais distante ainda, conseguimos enxergar a mesma trama! Obrigado mesmo por essa contribuição!!! Cativo aqui de agora em diante!

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    1. Olá Alex, muito obrigada ;) e pocha, você leu na faculdade por causa do curso de direito? Que máximo!

      Conheci alguns advogados que também haviam lido esse livro, não imaginava que era literatura recomendada pelo curso, huuuun bom saber.

      Mas olha que engraçado, vocês focaram mais na politicagem, eu como bióloga, fiquei deslumbrada pela ecologia do planeta e pelo impacto social causado ela abundância ou escasses de algum recurso.

      Muito interessante.

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  2. ola, fabuloso tudo que escreveu! mais ainda preciso de ajuda, poderia me dizer como podemos comparar o livro o principe de maquiavel com o livro de duna? quais semelhanças eles tem! eu li o principe de maquiavel, mais não estou conseguindo ver nenhuma comparação! estou no 1° periodo de Direito, e preciso saber disso logo, mais ainda estou com dificuldades pra entender!

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    1. Olha só... eu li O Príncipe de Maquiavel quando era muito mais jovem, quando tinha lá pelo menos meus 14 anos, a 10 anos atrás...

      Resumidamente, Maquiavel sugere quais são as qualidades necessárias para que qualquer um se torne um bom líder. No caso, Paul o protagonista de Duna, recebe uma criação elitizada especial para ser um líder. E muito do que Maquiavel diz sobre como um líder deve ser e fazer, Paul executa.

      Seja no modo de falar, seja em não demonstrar fraquezas, mas principalmente no se adaptar a cultura na qual ele está inserido pra ser aceito como um deles.

      Agora fiquei curiosa pra saber quem é esse professor(a) de direito que passou essa lição de casa.

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