E eis que o
aguardado dia do famigerado jogo que eu estou prometendo a uma semana.
Nesse ultimo
feriado, antes de viajar, um amigo meu me sugeriu esse jogo, ele fez questão
que eu o levasse para me divertir no feriado, e me fez prometer de pés juntos
que eu não procuraria saber nada dele na internet, e nem que faria qualquer
resenha do jogo antes de finaliza-lo.
A promessa foi
cumprida.
Peguei o jogo na 5º,
comecei na 6º terminei na 2º feira.
E agora querem saber
oque achei?
O JOGO:
Desenvolvido por Jonathan Blow, lançado em 2008, esse é mais um dos jogos classificados como
Indie, novo gênero de surgiu para englobar todos os jogos feitos por empresas
pequenas, que produzem poucos jogos ou apenas um, jogos que normalmente são
mais conceituais que os populares feitos pelas empresas mais aclamadas.
Braid não foge a
regra no que diz respeito ao Indie, é simples de gráfico, de jogabilidade, mas
extremamente complexo no que diz respeito a conceito, história e trilha sonora.
O Gráfico:
Lindo.
Gráfico é uma
discussão muito complexa no mundo dos games, há quem considera gráfico a
textura, há quem considere gráfico as dimensões, como as proporções, e há quem
considere gráfico apenas a beleza.
Esse jogo possui
texturas incríveis, dimensões perfeitas, e é incrivelmente lindo. E ao mesmo
tempo, simples.
Não é um jogo em 3D,
ele é muito mais old school, um eficiente 2D.
Aqui, todos os
cenários são pintados a aquarela, e a movimento o tempo todo, não existe
absolutamente uma tela do jogo, que não se perceba uma certa vida.
A Jogabilidade:
A mais simples e
primitiva que se pode imaginar, nesse jogo, você utiliza as setas do computador
para andar para as direções, direita, esquerda, cima, baixo, e a barra de
espaço, para pular.
E acabou, é isso
mesmo oque vocês leram, absolutamente só isso... E o grande trunfo, um botão
capaz de fazer você voltar no tempo.
Normalmente nos
jogos tradicionais, sempre que se faz algo de errado, você é punido por isso,
não passando pelo desafio, e tendo de começa-lo novamente. Quando um personagem
morre, você começa tudo novamente, aqui é diferente, caso o seu personagem
morra, você não começa do início, você pode voltar no tempo, e o tanto quanto
quiser, até mesmo voltar para o instante em que deveria ter pulado e não pulou,
e com isso, ter a possibilidade de pular dessa vez.
Estão entendendo
mais ou menos como ele funciona?
A Trilha sonora:
Linda.
Trata-se de uma
música clássica muito bem executada por violinos e violoncelos, em cada mundo,
uma música específica para lhe transmitir uma sensação. Seja de felicidade,
seja de euforia, seja de medo, ou até mesmo confusão.
E lembram é possível
voltar no tempo? Pois é, sempre que se volta no tempo, não só os eventos
voltam, mas a música também.
A HISTÓRIA:
Normalmente, eu
conto a história do jogo, para depois comentar sobre as partes mecânicas do
mesmo, mas dessa vez, eu preferi fazer em uma ordem diferente, mesmo porque a
história desse jogo é muito especial, estamos lidando com um jogo muito mais
filosófico do que a média.
Você é Tim, um cara
arrependido de muitas coisas que fez na vida, uma delas em especial e a perda
da mulher que ama, a princesa.
Tim sabe que a
perdeu porque cometeu um erro, e ele volta ao passado para corrigir esse erro,
mas apesar de poder voltar ao passado para construir a possibilidade de nunca
ter falhado, ainda assim, Tim errou uma vez, sabe das consequências e
justamente por isso, não deixou de aprender sua lição.
E a gora é a chance
de Tim concertar seu erro, começar tudo novamente, e não falhar como falhou da
primeira vez.
Compreendendo que se
trata de uma história de viagem de volta no tempo, faz muito mais sentido a
mecânica principal do jogo estar relacionada com voltar no tempo para realizar
as jogadas novamente.
Lembrando, que tudo
no jogo se relaciona como tempo certo, tudo tem seu momento.
E AI CAROL? OQUE QUE
ACHOU?
Caramba, essa será a
parte mais difícil dessa resenha.
Por isso, vou
dividi-la em duas partes, a primeira é livre para todos lerem, já a segunda,
sugiro que aqueles que ainda não finalizaram o jogo, não leiam, para não
perderem a grande graça da experiência.
1º PARTE: (Para
todos lerem)
Eis uma das melhores
aquisições de jogos que já fiz na vida.
Esse não é apenas um
jogo, como meu amigo que o sugeriu disse, ele é uma obra de arte. Da trilha
sonora, aos gráficos, à própria jogabilidade, é tudo perfeitamente sincronizado
com a história e toda a filosofia de viagem no tempo proposta.
Se você é daqueles
que está acostumado com os jogos mais modernos e se esqueceu como os de
antigamente funcionavam, prepare-se para passar raiva. Braid não é um jogo para
pessoas preguiçosas, e principalmente, para aquelas que estão acostumadas a
apenas apertarem botões.
Trata-se do tipo de
jogo em que se precisa pensar, e muito para conseguir realizar os objetivos.
Algumas vezes, é necessário até mesmo um pouco de criatividade misturada com
paciência.
2º PARTE: (Apenas
para quem já finalizou)
Essa segunda parte
eu prefiro deixar focada na história, que é a grande jogada, a parte mais
fenomenal de todas.
Oque eu achei de
tudo? Oque eu concluí? Muita coisa.
O Princípio:
Tim perdeu a
princesa que ele tanto amava, não suportou perde-la, e por isso, decidiu voltar
no tempo para corrigir todos os erros que cometeu.
Ao voltar, ele se
depara com ele novo, logo quando a conheceu, no primeiro momento, aquele em que
ele ainda nem a tinha, ele precisava conquista-la do início.
E dessa vez,
plenamente consciente dos erros que cometeu, evitando comete-los novamente.
O Meio do caminho:
Tim já conquistou
sua mulher amada, ele precisa continuar com ela, para pedi-la em noivado, e
finalmente se casar para viver pra sempre feliz.
Tim lembra das
coisas erradas que fez durante aquela época, e ele não pode falhar novamente.
O Final de tudo:
Eis o momento em que
o Tim que voltou ao passado, se aproxima do momento em que Tim decidiu voltar
atrás para corrigir, ele sabe oque fez de errado, e ele vai evitar isso a
qualquer custo.
O Paradoxo:
Existe um paradoxo
clássico da viagem no tempo.
Caso se volte no
tempo para corrigir um erro que se cometeu, ao concertar esse erro, seu eu
futuro não teria motivos para voltar no tempo, logo não teria voltado, logo
esse erro não teria sido corrigido.
Deu pra entender?
Basicamente, não se
pode mudar oque aconteceu. Não se pode evitar o inevitável.
Tudo deve ser feito
ao seu tempo. O momento das decisões é o agora, porque após o agora, nada mais
pode ser desfeito.
No momento que Tim
volta no tempo para corrigir oque fez de errado com a princesa, ele entra no
looping do paradoxo da viagem no tempo.
E justamente ao
voltar no tempo para corrigir os erros, que ele se da conta de que tudo oque
fez de errado foi querer corrigir os erros que já estavam no passado.
Durante todo o jogo,
a história é contada por momentos, momentos do passado, do presente e do
futuro.
Momentos em que Tim,
está feliz com a princesa, em que a princesa está indo embora, e em que ele
está indo atrás da princesa.
Quem é Tim?
Apesar do jogo ser
todo fantasioso, e falar de castelos e princesas, na verdade, essas expressões
são metáforas.
A expressão Castelo
em ruinas, castelo caindo, castelo aqui é a vida de Tim, não simplesmente sua
vida como humano, e sim como pessoa, o castelo simboliza a sua história.
Princesa, nas
histórias de conto de fadas é aquela mulher inalcançável, e para Tim ela de
fato o é, ele jamais poderá tê-la para sempre.
Além disso, o nome
do jogo não é Braid a toa, Braid em inglês significa Trança, em um contexto
mais simbólico, significa trama, esse entrelaçar de acontecimentos e eventos.
No jogo também se dá
a entender, que Tim é um cientista, mais do que isso, Tim mora em Manhatam,
Nova Iorque, pela maneira como ele se veste, parece viver em meados do século
XX por volta da década de 50. Época em que muito dinheiro foi investido em pesquisa
para cientistas, principalmente na área da física. E não seria a viagem no
tempo o sonho de consumo dos físicos?
Juntando as peças do
quebra cabeça, visto que em cada mundo do jogo, você precisa de 12 peças para
completar um quadro, que representa uma cena na história da vida de Tim, você
então descobre oque foi que Tim fez de errado.
Obcecado pelas
próprias pesquisas, Tim deixou a mulher que tanto amava de lado para realizar o
seu sonho de construir a máquina de viagem no tempo.
Ao construí-la, Tim
se deu conta de que apesar de ter realizado seu sonho, ele não tinha mais a
mulher que amava ao seu lado, arrependido, ele decide voltar no tempo para
curar todas as cicatrizes do seu relacionamento.
Paranoico por não
desejar cometer nenhum erro, justamente ai Tim errou, e ao chegar o momento, a
hora, acabou por perder sua mulher da mesma maneira, e tentou leva-la embora
consigo a força, e foi esse o erro que ele cometeu, ao querer impor sua vontade
sobre a vontade das outras pessoas.
Somando isso ao
paradoxo da viagem no tempo, Tim aprendeu sua lição, Tim teve a princesa
novamente, mas, não para sempre. Ou não? Se Tim sempre voltar no tempo para
corrigir os erros que fez, mesmo com o paradoxo, então ele ficará para sempre
indo e voltando no tempo, e assim então, sempre com a sua princesa em todos os
momentos da vida.
Isso também pode se
observar no jogo, visto que você começa pelo mundo 2, e não pelo mundo 1. E só
depois de completar todos os mundos, que finalmente se ter acesso ao mundo 1.
E logo após
finalizar o jogo, não se vai para uma tela de créditos, em vez disso, se volta
para o início onde o jogo começou.
No que diz respeito
a uma viagem no tempo, se o jogo começa com você no final, voltando ao
princípio, nada mais justo que no fim, voltar para o começo.
Complexo, eu sei.
[...]
E eu achei um trailer do jogo galera!
E só outro apelo pessoal, se vocês forem jogar esse game, em hipótese alguma vejam a resolução dos puzzles na internet, isso estraga toda a graça e divertimento do jogo.
Para quem quiser explorar mais desse universo, segue aqui o link do site: http://braid-game.com/
Para quem quiser explorar mais desse universo, segue aqui o link do site: http://braid-game.com/
[...]
E ai galera,
gostaram do post de hoje? Jogaram o jogo? Viram como ele funciona? Oque acharam
dele?
Se você é daqueles
que já teve a oportunidade de finaliza-lo, deixe aqui nos comentários a sua
opinião pra mim, também quero saber oque você achou dessa história.
E por hoje é só
gente, até mais.
Excelente interpretação da história do jogo. Finalizei e recomendo para todos que gostam de puzzles!
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